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sexta-feira, 20 de junho de 2014

O Morcego - Augusto dos Anjos







 Meia noite. Ao meu quarto me recolho
 Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

"Vou mandar levantar outra parede"
- Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh'alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!

3 comentários:

  1. Adoro o Augusto! Já estudei sobre ele no Ensino Médio. Amei essa última estrofe!
    http://eu-ludmilla.blogspot.com.br/

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  2. Gosto muito dessa poesia... tenho ela em um livro de literatura da época do colégio. Gostei muito do blog, estou seguindo. Um abraço!

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  3. Fico feliz por vocês terem gostado, amo Augusto dos Anjos!

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